Para debater os rumos a serem tomados pelo novo governo, resguardando a competitividade da indústria, o Conselho Empresarial de Economia da Firjan organizou o evento “Brasil – Perspectivas e Desafios para os próximos anos”, realizado em 29/11, na sede da federação. Os economistas Fábio Giambiagi, pesquisador associado da FGV IBRE; Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e atual diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Banco Safra; e Raul Velloso, PhD em economia pela Universidade de Yale, discutiram os cenários fiscal, previdenciário e de investimentos, com foco em infraestrutura.
O presidente em exercício da Firjan, Luiz Césio Caetano, ressaltou que o Brasil precisa mitigar os efeitos negativos de dois anos de pandemia e da guerra na Ucrânia. “Apesar de a inflação começar a dar sinais de desaceleração e de a taxa de desemprego ter alcançado o menor patamar desde 2014, ainda há muitas incertezas para 2023, como a indefinição sobre as contas públicas. O crescimento sustentável da economia brasileira está diretamente ligado à aprovação de amplas reformas administrativa e tributária”, pontuou.
A PEC de Transição, que vem sendo discutida pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silvia para garantir o Bolsa Família, foi outro tema em debate. Para Frederico Aguiar, presidente do Conselho de Economia da Firjan, a transparência dos gastos públicos é fundamental. “Nosso papel é estar atendo a essa questão para ajudar e fiscalizar. Não demos um cheque em branco. A gente tem pela frente a construção de um novo país”, analisou.
Joaquim Levy destacou a importância de o governo gerar superávit primário, já que hoje está quase zerado, e de o momento ser favorável devido aos altos preços das commodities. Frente à série de demandas sociais do novo governo, Levy sugere a oportunidade de se ter uma lei macro que ajude nos gastos sociais: “Não é estabelecer metas, mas criar um arcabouço, com métricas, e focar os gastos dentro dos limites fiscais e da receita que realmente se dispõe”.
Já Fábio Giambiagi ressaltou que a perspectiva é de queda nas receitas e aumento de gastos em 2023. “O teto de gastos públicos aprovado em 2016 freou uma curva ascendente, mas não deve ser mantido até 2026, como previsto. Porém, a ideia de limitar gastos precisa continuar e ser definido o nível para 2023”, opinou.
Por outro lado, Raul Velloso defendeu a adoção da âncora previdenciária, ou âncora fiscal. “O teto de gastos é um grande desastre que precisa sair de cena. A âncora consiste em equacionar o passivo atuarial e os déficits financeiros previdenciários do setor público, conforme previsto na Constituição e na emenda constitucional 103”. Giambiagi argumentou que o problema maior são os gastos com o INSS. Os economistas acreditam que a redução da conta da previdência pode recuperar os investimentos em infraestrutura. Além disso, ele espera que o novo governo dê sequência aos projetos de concessão que estão sendo costurados.
Fonte: Firjan.